EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


Aqui o "Acordo Ortográfico" vale ZERO!
Reparos ou sugestões são bem aceites mas devem ser apresentadas pessoalmente ao autor.

20171027

Monumento a D. António Alves Martins


GIF via GIPHY

O pedestal da estátua do Bispo de Viseu, D. António Alves Martins (1808-1882), é uma obra do grande Mestre Serafim Simões Lourenço Simões e foi erigido em Santa Cristina no ano de 1908, ainda durante a Monarquia mas a estátua em bronze da autoria de Mestre Teixeira Lopes apenas viria a ser fundida no Arsenal do Exército, três anos mais tarde, já na República. Na tarde do dia 9 de Fevereiro de 1911 começaram os trabalhos para a colocação da estátua sobre a base, seguidos por inúmeros curiosos que obrigaram ao adiamento do tarefa, por razões de segurança. Mais tarde dispersada a aglomeração e quando a estátua estava a ser içada verificou-se um acidente. Partiu-se o cabo que sustentava a estátua que caiu no terreiro. No acidente ficou ferido, sem gravidade um operário do arsenal que auxiliava o seu mestre, António da Silveira e a estátua sofreu vários danos. A inauguração estava marcada para o dia seguinte e o mestre estava desesperado, temendo perder o seu lugar. Foi salvo por um grupo de serralheiros de Viseu que no dia seguinte, apenas uma hora antes da inauguração à qual assistiram vários ministro do Governo Provisório completaram os trabalhos de reparação da estátua. As reparações foram delicadas e obrigaram à decapitação, por algumas horas, da estátua que depois voltou a soldada. No trabalho colectivo que foi executado graciosamente, estiveram envolvidos serralheiros de quatro oficinas que trabalharam madrugada dentro mas quem mais contribuiu para realização da "milagre", no dizer do mestre do arsenal foi o Mestre Arnaldo Malho que teve a inteligência e a ousadia de encontrar a solução - "decapitar a estátua, desamolgar o peito ao estremecedor e voltar a soldar.", evitando nova fundição e o adiamemto da festa.
Nas imagens é visível um parafuso de ferro, na gola do casaco naturalmente muito oxidado, que terá servido de apoio à "pequena fundição" que foi necessário realizar para disfarçar o corte que foi necessário fazer no pescoço da figura imponente do Bispo de Viseu.

Fonte: "Artes e Artistas de Viseu" de Arnaldo Malho, Edição da Confraria de Sabores da Beira - "Grão Vasco", Viseu 2004, Coordenação de Júlio Cruz (Recolha de artigos publicado na "Revista Beira Alta", nos anos de 1952 e 1953)