EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


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20170517

Capela de Nª Srª dos Remédios


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Na parede interior da muralha da cidade, junto da Porta do Soar, existiu um imagem de Nossa Senhora dos Remédios. Como a devoção a esta Senhora era muita os vizinhos tomaram a iniciativa de mandar construir uma pequena capela em sua honra. No dia 9 de Dezembro de 1738 assinaram um contrato com dois mestres pedreiros minhotos, Manuel Ribeiro e Manuel Lourenço, pela quantia de 340.000 réis, com a condição de ficar concluída até ao dia do Espírito Santo, 31 de Maio de 1739.
A construção da capela, com planta octogonal, ficou assinalada por várias faltas de dinheiro e sofreu diversas interrupções, foi mesmo necessária a intervenção do Cabido da Sé para que a obra ficasse pronta em Março de 1743. Nessa ocasião os devotos solicitaram ao Governador do Bispado, Dr. António Cardoso Pereira, autorização para mudar a imagem do nicho da muralha e colocá-la sobre o altar da nova capela, obtida a licença foi então benzido o pequeno templo.
Volvidos quatro anos alguns devotos solicitaram à autoridade eclesiástica a formação da Confraria de Nossa Senhora dos Remédios, com sede na capela, e que se extinguiu em data desconhecida.
A Câmara Municipal de Viseu decidiu, em sessão de 29 de Janeiro de 1816, que fossem transferidos para a Capela da Senhora dos Remédios todos os actos da Capela de São Lázaro que fora demolida.
Alguns anos depois os senhores do vizinho Solar dos Melos apropriaram-se da capela, mandando raramente celebrar algumas missas. Em Novembro de 1934 a capela foi incluída nos bens arrestados à família Malafaia de Serrazes, concelho de São Pedro do Sul, os proprietários da casa vizinha dos Melos. Rapidamente foi desfeito esse equívoco porque a capela é do povo, como pode ser lido no granito da torça da porta:
ESTA CAPPELA HE DO POVO QUE SE FEZ/A CUSTA DAS ESMOLAS DOS DEVOTOS/ANNO DE 1742
A capela de pequenas dimensões, possui planta octogonal, modelo único na cidade e pouco frequente, mesmo a nível nacional à época e possui um elegante campanário. No seu interior, de decoração singela, pode ver-se o no altar-mor uma imagem da padroeira (Séc. XVI ou XVII), um retábulo de madeira dourada e policromada a imitar mármore (Séc. XVII). Lateralmente colocadas em dois nichos simétricos, encontramos uma imagem de São José, em madeira policromada (Séc. XVIII) e do Coração de Jesus (Sec. XX). Nas paredes existem pequenos painéis de azulejos com imagens de santos eremitas onde também estão representadas Maria Madalena e Maria Egipcíaca, antiga cortesã de Alexandria, e ainda a Sagrada Família e São Joaninho, com o cordeiro.
No Largo Pintor Gata (antiga Praça da Erva) e ao lado da capela existe uma casa de habitação, com dois pisos, com um varadim em madeira, onde esteve hospedado António de Oliveira Salazar que aos dezanove anos, foi prefeito no Colégio da Via Sacra.


Nota: Texto publicado em 22 de Abril de 2010 e 8 de Junho de 2015 e agora se triplica, porque as respectivas imagens foram interditadas, por vontade de energúmenos "desconhecidos".