EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


Aqui o "Acordo Ortográfico" vale ZERO!
Reparos ou sugestões são bem aceites mas devem ser apresentadas pessoalmente ao autor.

20160930

Recordando os Comboios de Viseu


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Mais Apitam ... que transitam

"Vale do Vouga" e o "Nacional"
São no nosso Portugal
Dois brinquedos de museu:
Ferrugentos, alquebrados,
Por mal dos nossos pecados,
A vergonha de Viseu!

De Santa com e de Espinho
Ronceiros, pelo caminho,
Vêm eles, chape, chape!
Arfando, todos cansados,
A expulsar aos bocados
Seus bofes pelo escape!

O coleante perfil
Estende-se, em curvas mil.
Em aspectos de cascata...
É bonita a Natureza,
Há conforto... na certeza
Que o andamento não mata

Seu trajecto é demorado,
Pois, velhinho e já cansado
Deve sofrer de lesão...
Largando fumos e cheiros
Vai queimando os passageiros
Com faúlhas de carvão!

(...)

Chaca, checa, choca, chuca,
Fica a cabeça maluca.
Anda tudo à nossa roda.
Garantem, coca-bichinhos,
Que leram em pergaminhos
Que há cem anos já foi moda!

Alerta, Viseu, alerta!
Põe depressa a porta aberta
Do teu Museu tão cotado:
Coloca lá a matraca,
Que, cá fora, dá barraca
Mas é, lá dentro, um achado

Adelino de Azevedo Pinto (Rijo) in "Retalhos dos Meus Trabalhos" (Recolha de 50 anos de quadras populares, sonetos e outros poemas), Viseu, 1985

Na ilustração algumas imagens de depósitos de água, para abastecer as caldeiras das locomotivas a vapor, retirados da demolida estação dos caminhos-de-ferro de Viseu, "armazenados" no depósito de sucata da câmara municipal, antigas instalações da Cooperativa Agrícola dos Fruticultores da Beira Alta (Estrada de Nelas). Compare com as fotos obtidas em 23 de Novembro de 2011.