EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


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20160924

A "Maravilha de Filigrama"


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"Por aquele grande portal, de linhas austeras ao gosto do século XVII, fora a entrada ordinária do solar até a data em que os Mendanhas resvalaram na pobreza. Remate natural do muro da cerca e ansa entroncada graciosamente na esquina do prédio, arvorava em seu tope uma cruz de pedra, maravilha de filigrama. Abaixo da cruz, em sinal de humildade, como era dever de família que recebera os pergaminhos do ungido de Deus, inscreviam-se na torça, veladas desde há muito por crepes pesados, as armas fidalgas: seis arruelas de vermelho, duas a duas, em campo de oiro"
Aquilino Ribeiro in "O Homem que Matou o Diabo", p. 64, Livraria Bertrand, 1972

Ao subir a Rua Maria do Céu Mendes e um pouco antes da rotunda do Fontelo, do lado Norte, está localizada a "Casa do Cruzeiro" que Mestre Aquilino Ribeiro aproveitou para no seu romance "O Homem que Matou o Diabo" (1930), atribuir aos nobres mas empobrecidos Mendanhas, família nascida da sua fértil imaginação, cujas armas descreve como estando tapadas com um pano preto, em sinal de luto, que o tempo se encarregaria de desfazer. A cruz de pedra que classifica como uma "maravilha de filigrama",  burilada e vazada no duro granito, foi invadida por ramos de hera que para além de impedirem que possa ser apreciada, a poderão vir danificar irremediavelmente.

P.S.: Bem-haja! amigo J.C. que sugeriu a abordagem este tema.