Os trabalhos arqueológicos no adro da Igreja de São Miguel [saber +], iniciaram-se
no Verão passado e nada de surpreendente terá sido encontrado [saber +]. Este ano já
puseram a descoberto mais algumas pedras aparelhadas e alinhadas. Não me parece plausível que tenham a sorte de encontrar
a igreja primitiva porque essa construção foi certamente demolida e é natural que o
seu lugar tenha sido ocupado pelo actual templo. Também é provável que a igreja
primitiva tivesse, durante a Idade Média, recebido obras ou fosse reconstruída. Por estar arruinada foi demolida no
séc. XVIII para permitir a construção de uma nova igreja, certamente mais ampla.
Em São Miguel do Fetal guarda-se uma arca tumular de granito, simbólica e
vazia, para lembrar a lendária sepultura de Ramiro o último rei
dos visigodos. Na sacristia localizada nas traseiras do altar-mor, com entrada pelo
interior da parede lateral esquerda, existe uma arco românico que a tradição afirma ter pertencido ao anterior edifício. Durante a ocupação árabe (séc. X e XI) os
muçulmanos permitiam aos cristãos de Viseu que mantivessem o seu culto, a igreja ficava
fora dos muros da cidade e era tolerada. Em vez da desejada igreja e do túmulo
do rei Rodrigo (séc. VIII) que terá morrido na batalha de Guadalete (ano de 711) [saber +], é natural que apareçam vestígios da época romana, árabe ou da Idade Média. Talvez aras, pequenos objectos, moedas e sepulturas porque os
cemitérios romanos ficavam próximos das portas das cidades e os cristãos
sepultavam nas igrejas.