EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


Aqui o "Acordo Ortográfico" vale ZERO!
Reparos ou sugestões são bem aceites mas devem ser apresentadas pessoalmente ao autor.

20100923

A Casa do Cruzeiro




"Por aquele grande portal, de linhas austeras e ao gosto do século XVII, fora a entrada ordinária do solar até a data em que os Mendanhas resvalaram na pobreza. Remate natural do muro da cerca e ansa entroncada graciosamente na esquina do prédio, arvorava em seu tope uma cruz de pedra, maravilha de filigrama. Abaixo da cruz, em sinal de humildade, como era dever de família que recebera pergaminhos do ungido de Deus, inscreviam-se na torça, veladas desde há muito por crepes pesados, as armas fidalgas: seis arruelas de vermelho, duas a duas, em campo de oiro."
Aquilino Ribeiro in "O Homem que matou o Diabo"

Aquilino Ribeiro chamou "Casa Murta" ao solar existente na Rua Dª. Maria do Céu Mendes, antecedendo a "Porta da Cruz" no Fontelo e inventou a família dos Mendanhas para servir as suas necessidades de romancista. Na verdade a "Casa do Cruzeiro", assim conhecida por ter no portal uma cruz de granito, é uma banal construção dos finais séc. XVII que não possui grandes linhas ou beleza arquitectónica mas tem uma elegante entrada para o pátio com uma pedra de armas encimada por uma notável cruz de granito, por ser rendilhada e vazada.
Neste solar pertença da família do Visconde de Rio Torto, viveu o Cónego José de Oliveira Berardo [ligação], um grande estudioso e erudito que foi o primeiro Reitor do Liceu de Viseu.
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Escudo em cartela de volutas, com elmo de grades, coronel de nobreza e timbre.
Esquartelado: I - Partido: I - Sampaio. II - Melo. II - Serpa. III - Sousa (de Arronches). IV - ?.
Timbre: Serpas.
Diferença no Iº quartel: Uma brica carregada por uma cruz potentea (?)

(MATTOS, Armando de - "O Tombo Heráldico de Viseu", Gaia, Oficinas da Sociedade Editorial Pátria - Lda, 1932, p.12 )