EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


Aqui o "Acordo Ortográfico" vale ZERO!
Reparos ou sugestões são bem aceites mas devem ser apresentadas pessoalmente ao autor.

20070128

Viseu, vista do Coval



VISEU – RECORDAÇÕES (O PAVIA)

Aos domingos – quando as lojas abriam
Para encerrarem ao meio-dia
Os caixeiros e os marçanos, todos sentiam
A fluvial euforia
De passarem a tarde nas águas do Pavia
Coisa que hoje nem se acredita!...

...Naquele tempo belo – existia
Uma marinha viseense!
As barcas da tia Cristina e da tia Rita
(Como tudo isto desapareceu)
Se recordar é vida que se renova
Pois o futuro a Deus pertence
- Meto-me numa barca e lá vou eu!...

... Passar a ponte, à vara – sem lhe tocar
singrando nas águas profundas da Parede Nova
sempre a remar a bom remar
rumo ao Poço do Nicolau
para chegar depois – ao areal da Cerdeira
lembrando praia das areias finas
atracando a barca, à sombra dos amieiros
despejo a jarra que enchi no Júlio da Ribeira
Petiscando bolinhos de bacalhau !.....
Vou até ao areal das “meninas”!

Onde faço juízos matreiros
Umas vezes à vara – outras a remar
Quantos foram hoje os meus companheiros
Nesta barca da saudade a navegar
Até às Três Pedras, até à Ponte de Pau?...

... às vezes fico a meditar
Quando escrevo estas recordações
Como era possível:

Remar!
Mergulhar!
Nadar!
Lanchar!
Navegar!

Uma tarde inteira
Nas barcas da Ribeira
Por pouco mais de dez tostões!...

Ricardo Sandro (José Madeira)